O metronomo digital do meu dia-a-dia já me dá inesperadas três horas de uma madrugada que nem percebi começar.
Entretido por mídias sociais nas quais as pessoas nem sempre exibem o rosto - posto que este nem sempre é como desejam, ou que nem sempre é este o que se pretende exibir - excedo minha sensatez e o recorde do meu sono, digerindo downloads de informações breves sobre a privacidade de outros notívagos anônimos que pensam em suicídio ou culinária, sobre um novo atentado ou catástrofe que ceifara a vida de milhares de cidadãos inocentes e alheios aos incidentes e à consequente cobertura da grande imprensa.
Dormir seria coerente, pra não prejudicar minha saúde. Ou, mais coerente ainda, seria aceitar minha vocação para a autodegradação e temperar o processo com vodka, café e nicotina, como faziam os antigos. Dedico à eles meu respeito próprio, mas o meu "conselheiro", como diria o Mago Diarista, ainda não se decidiu se me corrompe pela preguiça ou pela luxúria.
Não vejo razão para as pálpebras abertas. Não é o post, asseguro. Minha prolixidade, manifesta nesta prosa pedante, alcançará a redenção em uma rasa cova na vala comum dos blogues, arquivado na pretensa nuvem dos deuses da informação, onde finalmente encontrará a modéstia de seu significado. Destino similar ao das folhas de caderno que guardavam os poemas até o limbo do tempo trazer-lhes a obsolescência , e a banda larga confinar-lhes ao desinteresse.
Na nuvem, ainda poderá assombrar ocasionalmente um monitor ou outro, devido ao resultado equivocado de um site de buscas. Bem como quem pega, além de sinusite, um livro na vigésima prateleira de uma biblioteca.
Devo esperar encontrar algo novo, ossos e profiles.