sábado, 10 de maio de 2008

Contar a história

Ainda que tenha superado o trauma da perda do noivo, mostra-se naturalmente abalada com a lembrança do fato: “Hoje pretendo crescer na minha profissão e ser feliz. Não tenho planos. Não consigo parar, olhar pra frente e desejar algo pra mim. Por enquanto não consigo fazer isso, talvez um dia consiga novamente. Estou vivendo porque eu tenho que viver, cuidando de mim, porque eu tenho que cuidar, porque não há outro jeito.”

O comportamento tão afetivo de Alexandre faz Tânia pensar que nunca encontrará um companheiro que a faça tão feliz. Tanto que, seguindo conselhos de sua mãe e amigos, nem espera o mesmo comportamento do ex-noivo em um novo namorado, nem faz comparações.

Tânia acredita que tivessem uma relação espiritual . Uma relação muito forte, mas que se suprimiu com o falecimento de Alexandre. Credita o fim desse vínculo a uma razão superior, a qual a impedira de continuar com o romance. Crê na possibilidade de continuar o romance num outro plano, caso exista tal transcendência.

Das suas principais motivações para continuar vivendo e tentando atingir a felicidade, Tânia ressalta a vontade de Alexandre em vê-la bem sempre. Desejo que o amante não mediu esforços pra alcançar.

Apesar disso, a recepcionista afirma que não vê mais sentido no mundo, sente que sua vida acabou com o acidente que vitimara seu antigo amor. Segue a vida pelas obrigações. Procura ser feliz, mas vê grande dificuldade sem a companhia de Alexandre.

Felicidade para Tânia está nos pequenos momentos que passa com crianças da família, com o atual namorado, o qual , percebe-se , não supre a falta do antigo, mas é um bom companheiro.

Ainda que goste de crianças e que tivesse planos com Alexandre, Tânia sente que não será mãe. Tem grande vontade de ter filhos, mas, por alguma razão que desconhece, duvida muito dessa possibilidade. Talvez, segundo ela, a grande dificuldade seja encontrar alguém capaz de fazê-la sonhar novamente. Não quer dar a luz antes de ter certeza que terá condições de dar-lhe tudo que precisa. Não imagina o que a faria ter vontade de ter filhos novamente, até por duvidar que isso possa ocorrer.

Tânia resume suas esperanças a acreditar que um dia possa sonhar novamente, fazer planos, acreditar que a vida volte a fazer sentido.


Fotos do arquivo pessoal de Tânia Araújo Vieira.

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