sábado, 10 de maio de 2008

O problema da cor

O cinema tem muitos roteiros contando a vida de famílias com pais ausentes. Bem , a realidade pode ser bem mais criativa , posto que não deve nada a verossimilhança. Tânia se apaixonara por Alexandre, um homem encantador, que lhe fizera retomar o desejo de viver e fazer planos depois do término de um romance bastante extenso. Ele só possuía um defeito, que seu pai faria questão de ressaltar .Não era um defeito para Tânia, nem para maioria das pessoas. Mas era inaceitável para seu pai. Alexandre era negro.

Seu pai não implicara com o primeiro namorado de Tânia .Eles tiveram um longo relacionamento que acabou não dando certo. Não parecia que seria ciumento , ou que iria se importar ,já que era distante da família. Contudo, essa fase da vida de Tânia seria muito conturbada: “eu tinha terminado um relacionamento de seis anos quando eu conheci o Alexandre. Meu pai era racista, meu novo namorado era negro, meu pai me colocou pra fora de casa quando eu assumi o namoro. Só voltei pra casa porque a minha mãe disse “minha filha, volta e você sai”.

A partir desse fato Tânia fez de tudo pra ficar com Alexandre, para mostrar para seu pai que não era a cor da pele que define o caráter das pessoas: “o Alexandre é muito melhor que muito branco por aí”, eu acho que ele até entendeu o que eu quis dizer...” Era um relacionamento difícil. O pai de Tânia, ao ver mulatas de carnaval por exemplo, dizia que não imaginava seus netos “negrinhos”. Mas com o tempo, Alexandre se mostrou uma boa pessoa ,e foi tornando seu sogro uma pessoa mais maleável. Quando Tânia perguntava ao seu pai se era contra o casamento, ele passou a responder: “você feliz é o que conta, eu quero a sua felicidade”.A resposta vinha em tom conformista , mas não mudaria a decisão de sua filha caso fosse contrária a relação. Na verdade , comunicava ao seu pai do matrimônio, não lhe pedia uma autorização.

Os casal se conheceu por uma amiga em comum. Num período conturbado da vida de Tania:“ Eu namorei durante seis anos e acabei me acomodando ,a gente não sente mais amor, só a convivência, então decidí terminar .Meu ex-namorado na época não quis acreditar e me procurava insistentemente.

Foi nesse período que conheci o Alexandre, que era cunhado da minha melhor amiga. Coincidentemente, ele e eu fomos padrinhos da filha dela. Passamos a conviver e, aos poucos fomos nos conhecendo e aos poucos nosso relacionamento foi nascendo.”

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